5 de agosto de 2010

Para-nóia

"Dêem-me um anestésico. A vida dói e arde.
Não sei controlar meus impulsos demoníacos.
Não acredito em forças de outro mundo.
Sou eu, meus versos e o perigo das frações. " 

                                          Roberto Piva 1937/2010- RIP - homenagem tardia
  




Sob
o peso do olhar abruptamente
bailam rodopiantes bailarinos da
mediocridade
dão um show para os cegos que
anestesiados viram estátuas e incorporam-se
ao cenário. Eis que começa a chover canivetes e num ato instintivo
as cabeças dobram para trás e
arrebentam-se retinas.
Cortinas cretinas de
Tecido fétido e empoeirado trabalhado com letrinhas de vidro
encerram o espetáculo.
nota de rodapé na etiqueta bordada com requinte: reforma ortográfica
Alguém gritou para-nóia e o eco que habitava o vácuo da platéia não sabia o que responder [...pára-noia, paranoia, paranóia, para nóia...]
o espetáculo talvez fosse em sua homenagem.
Nóia apossou-se do programa e correu a escondê-lo
Mas não tinha mais como não sê-lo. Foi urgente com o tempo.
Agora é preciso estudar o uso do hífen e alguns acentos. Meras quimeras de questões normativo-gramaticais. Ué?! Não era um balé?