7 de fevereiro de 2011

CartaRolando

"O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes." Cora Coralina

Foi como um assobio que o vento musicou no meu ouvido.
Vai lá, abre, destampa, discorra. Tinta bailarina.
Batuque ritmado soando.
E a mão acompanhando.
A cabeça não sabe o que faz.
Tanto branco. Todas as cores de branco.
Era festa de gala. Gente de alma.
Até a Lua vestia branco.
Eu vestia preto. Queria azul, não tinha.
Gente de toda parte.
Quintanas e Abreus do sul.

Espancas e Pessoas de além Mar.
Bishops que já foram de cá.
Artauds encamisados.
Drummonds e Jobins cariocados.
Era um baile versado, bem diferente dos de Versailles.
Dizer o que tem pra ser dito.
Nada corrompido.
Tudo é genuíno.
Quem vai abrir esse envelope?
Caixa de Pandora
Amarais em quadros de garoa.
Bárbaros e Baianos, Brasileiros.
Pinot Noir com paladar no pensamento.
Fechei os olhos pra me concentrar nos passos.
Valsa solene. Não pode pisar no pé.
E ali bailando percebo que não é nada disso.
Tem muito a ser sentido.
Muito menos, compreendido.
Fonsecas, Lenines, Gilbertos.
Ypsilones.
Abecedário ousado.
As palavras todas na beca.
Mas eu quis sair dali, fazer samba e amor
Tirei o chinelo, descalça pisei firme
sem medo de descobrir a dor
Escrevi tudo aqui por não saber de cor.
Aí ele me disse:
Disfarça e chora
E a lágrima cantando ao vento selou o envelope.
Não tinha gala, era só
Cartola.